13 de janeiro de 2014

Ignorância Patológica


A pessoa não ter conhecimento não é vergonhoso desde que ela não tenha oportunidade de adquiri-lo, fora que ninguém é obrigado a saber sobre tudo. O problema aparece quando esta pessoa começa a tomar as correções aos seus erros como tentativas de diminuí-la, tendo o outro como um rival e não como uma pessoa que pode ajuda-la a adquirir novos conhecimentos.

É bastante comum, para não dizer que é quase unânime, pessoas que saíram do país para estudar ou buscar novos desafios a crítica a inteligência e a prepotência da população brasileira. “Parece que quanto mais ignorante, mais acha que sabe”, dizem.

Essa frase é realmente isso! A pessoa, quando está no estado de ignorância patológica, ou seja, aquela ignorância em que ela cria bloqueio para novos conhecimentos pois acredita que estão tentando humilhá-la, fecha-se em seu mundo de conhecimento particular. Para esta criatura, abrir os horizontes é buscar provar o que acredita, APENAS, procurando sempre as provas nos mesmos círculos de conhecimento, não buscando outros pontos de vistas pois estes “outros não são dignos de atenção devido a tamanha besteira que falam”.

Isso é bastante comum quando “estudantes” estão mergulhados em ideologias, lutando por causas e seguindo “gurus” para buscar “um mundo melhor”, mas não é exclusivo destes indivíduos. Se vê isso em diversos campos do conhecimento, principalmente nos dias de hoje em que os estudantes, desde o princípio, são FORÇADOS a emitir sua opinião sobre tudo e todos, mesmo que não tenha subsídios para emiti-las.

Se o estudante, sincero, diz que não sabe sobre determinado assunto na sala de aula, o professor invés de direcioná-lo para os estudos, apresentando fontes CONTRADITÓRIAS para estimular o raciocínio, segue dizendo para ele “dizer o que acha que é”, para depois elogiá-lo (se estiver de acordo com sua ideologia) ou reprimi-lo apontando a absurdidade (se estiver contra sua ideologia). Com isso, o jovem, a partir de seus 8-10 anos (agora até antes), desde o início já começa a ser treinado para rejeitar os contrários e ter vergonha de emitir um pensamento diferenciado e muito estimulado a falar caso o pensamento seja equivalente.

|| PAUSA PRA DIZER QUE ISSO É REGRA GERAL E, COMO TODA REGRA GENERALIZADA, HÁ EXCEÇÕES. ||

Por que eu escrevi tanto para dizer nada, até agora? E o que isso tem a ver com o que eu vou falar?

Isso pode ser a origem da prepotência dos jovens hoje em dia. A pessoa sendo “humilhada” por uma falta de conhecimento vai ficando resistente a adquirir novos conhecimentos fora do círculo que lhe é apresentado. Fora que a pessoa acaba ficando sempre com a sensação de quando é corrigido, por algum motivo, é sempre uma humilhação, sempre o outro está querendo se sobressair pela ignorância alheia. Isso fica “registrado” no inconsciente do indivíduo que é doutrinado desde o princípio a discordar de tudo e de todos, mesmo que nem saiba do que está discordando ou se realmente discorda da situação.

Isso para mim é doença equivalente à histeria em que a pessoa sente o que acredita que está sofrendo e não o que realmente está sofrendo. Esse é apenas um dos motivos que chamo de Ignorância Patológica.

Outro motivo que chamo de Ignorância Patológica é um fato interessantíssimo que já relatei no início deste post... O fato de “quanto mais ignorante, mas acha que sabe”.

Se a pessoa reduz seu campo de conhecimento, restringindo-o cada vez mais a seus círculos (como acontece com o Marxismo, que se “autoalimenta” num método “autofágico”), o que está de fora não lhe é acessível e, resistente ao novo para “não perder tempo com besteira”, vomita seu conhecimento limitado e imprime uma etiqueta nos assuntos externos denominando de “absurdo e delírio”. Isso quando não fala que são “ferramentas de alienação” e que quem as usa está alienado. Paradoxalmente, o alienado é quem está indo de forma contrária ao que “mandam pensar”.

E como sair, ou ajudar alguém a sair, dessa situação doentia? A pessoa tem que “nascer novamente”. Sim... Nascer novamente, mas não no sentido literal (obviamente, mas com toda certeza vai ter imbecil que vai dizer que estou pregando o extermínio físico dos ignorantes, não é isso). A pessoa vai precisar se reeducar e reaprender. A pessoa precisará “sofrer” com o “choque da realidade” em que ele foi “poupado”. Uma realidade cruel pois não há situação mais agonizante do que notar que está imerso num mar de ignorância.

Justamente por ser um “estado cruel”, muito preferem rejeitar e voltar ao “estado de prazer”, o “estado de conforto”, o “estado que o ensinaram”, o “estado que o acolheram”... O conhecimento é como a luz. Quando você se fecha na “caverna de Platão”, vendo apenas impressões e não a realidade, ao sair da escuridão o choque com a luz causa dor e uma cegueira momentânea, assustando quem está saindo do estado de Ignorância Patológica que tende a querer voltar. Contudo, quem enfrenta essa situação inicial se vê depois livre e como o mundo real é mais bonito...

Mais bonito justamente por conter grandes fontes de conhecimento para se buscar. A sensação de prazer não é ser afagado e reconhecido, mas sim o fato de começar a entender e aprender coisas novas e diferentes...

“Tem bico de pato, tem pé de pato, anda como pato, tem jeito de pato, faz quáquá... Ah! Pode ser uma pessoa fantasiada de pato.” - dizem os adeptos de “tudo é relativo” - e assim se mantêm na ignorância, acreditando que tudo (exatamente tudo) depende do ponto de vista e encontrando sempre explicação para o que acredita, reforçando que ele "não é tão ignorante quanto parece".


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